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domingo, 23 de novembro de 2008

Entrevista a Franco Neto

O convidado desta semana da entrevista (do site www.miguelmaia.com) é Franco Neto, o mais velho de todos os atletas que disputam o circuito mundial de voleibol de praia. O experiente brasileiro festejou 42 anos no passado dia 11 de Novembro e tem no seu brilhante currículo a conquista de dois títulos mundiais. Foi também por diversas vezes campeão brasileiro e teve passagens de sucesso pelo circuito americano de voleibol de praia.
1- Já foi campeão Mundial, campeão brasileiro, ganhou o circuito Mundial, tem também participações olímpicas. Qual é o segredo para jogar ao mais alto nível?
Eu acho que o grande segredo disso tudo é o amor que tenho pelo desporto e pelo voleibol de praia em particular, aliado a uma grande determinação. Sem isso, não há talento no mundo que consiga permanecer ao mais alto nível por tanto tempo. Basta ver o histórico dos grandes atletas.
2- Fale-nos um pouco da dupla com o Roberto Lopes. Foi ele o grande parceiro da sua carreira?
Jogar ao lado do Roberto não significou apenas aquilo que conquistámos desportivamente como dupla. Foi uma fase importante da minha vida, tanto profissional quanto pessoal. No início foi tudo uma brincadeira mas com o tempo vimos a oportunidade de crescermos no desporto. O Roberto era simplesmente fantástico. Ele era o melhor jogador do mundo na época e eu um parceiro que tinha muita vontade de jogar. Aprendi muito com ele, pois na época eu era muito limitado tecnicamente derivado do facto de eu ter começado a jogar muito tarde, somente com 17 anos. Já o Roberto foi o contrário. Ele começou a jogar muito cedo e na altura sentia muita pressão por onde jogava tanto na praia como na vertente de pavilhão. Talvez tensa sido essa uma das razões pelas quais ele se saturou primeiro do que eu. Não fosse isso e acho que ele ainda estaria por aí dando trabalho à ‘molecada’. Foram 15 anos de muitas conquistas e histórias mas no final acho que ele tinha razão quando tomou iniciativa de falar comigo para nos separarmos. Tivemos que seguir caminhos diferentes. Confesso que para mim foi muito difícil pois tudo que tinha ganho era ao seu lado e eu tinha uma confiança enorme nele. Será para sempre o meu eterno parceiro e acho que jamais teremos uma dupla como essa pois o volei de praia tornou-se muito profissional.
3- Como foi a experiência no circuito americano?
Foi muito boa pois aconteceu depois dos Jogos de Atlanta onde não obtivemos um resultado satisfatório. Todo o mundo cobrava de nós e acabamos por recuperar a vontade de jogar lá no Circuito Americano. Fui muito bem recebido e a minha última temporada lá já foi sem o Roberto. Conquistei 2 títulos com outro parceiro sem ser ele. Quando me separei do Roberto em 2002 vi que teria que aprender com outros parceiros. Foi um desafio óptimo para mim e tem sido até hoje. Espero ainda poder participar num torneio nos Estados Unidos antes de terminar a carreira. No entanto, espero que ainda demore uns anos. (ri-se)
4- Quais as diferenças de condições e de treino que tem em Fortaleza comparado com as do Rio de Janeiro?
São duas escolas diferentes apesar de ser o mesmo país. Quando cheguei ao Rio, tive que me adaptar ao clima pois no Nordeste era calor todo o ano e o estilo de treino era diferente. Em Fortaleza, por termos uma estrutura mais dependente dos patrocínios, e consequentemente de material humano, no treino treinávamos mais em repetição enquanto que no Rio temos um treino mais intenso em volume. Acho que foi muito bom para mim a mudança oara o Rio.
5- Melhor e pior momento da sua carreira?
Felizmente, os melhores momentos foram muitos mas o ter participado numa Olimpíada foi genial., A conquista do primeiro título mundial em 1993 no Rio de Janeiro foi também muito emocionante. O momento mais difícil foi quando perdemos em Atlanta e regressamos a casa com essa frustração. Mas acabou por ser compensado com o aconchego da esposa e nosso filho.
6- Acompanhou o Miguel desde o início da sua carreira internacional no volei de praia. Que análise faz da carreira da dupla mais antiga do mundo?
Não só acompanhei como nos tornamos grandes amigos. Essa dupla tem uma história impressionante pois conseguiram chegar a duas semifinais de uns Jogos Olímpicos apesar de nunca terem tido nenhum título mundial. O que me chamava mais atenção é a forma como jogam. Dão a sensação de que não querem jogar e acabam por ‘enganar’ os adversários. Sempre entrei contra eles com os níveis de concentração altos pois se não jogasse bem de certeza que perdia.
7- Diferenças do volei de praia dos anos 90 para o de agora?
O volei daquela época era mais romântico. Existia amizade entre os jogadores e o ambiente não estava tão profissional como agora. Ao nível do jogo, este não era tanto na base da força como agora. Naquela época era mais na base da arte, da técnica. Jogávamos mais do que treinávamos. Hoje os atletas treinam muito e jogam pouco. Optam por filmar os seus adversários e usam estratégias para cada dupla.

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